quarta-feira, 2 de julho de 2008

Sobre uma abordagem temática da Filosofia

Sustento a seguinte idéia: é inviável ensinar Filosofia sem despertar o interesse dos alunos em relação à disciplina. Em primeiro lugar porque ninguém filosofa por obrigação, e sim por um algo intrigante, que leva ao espanto - que, parafraseando Heidegger, é a arché (termo grego que designa "princípio") da Filosofia. Segundo porque o atual processo de reintrodução da disciplina (juntamente com a Sociologia) inclui uma certa suspeita negativa dos alunos para com ambas, o que prejudica o primeiro ponto - fato que já me foi provado empiricamente. Para mim se tornou lugar-comum ouvir comentários do tipo "Para que estudar Filosofia?", "Que chato, mais uma matéria para estudarmos", etc. e tal, o que gera um bloqueio importante dos alunos em relação à Filosofia.
Em vista disso, defendo (e faço uso de) uma abordagem temática da disciplina, abordagem essa que pode respeitar uma ordem histórica, sem que isso se converta em uma obrigação. Penso que trabalhar o conteúdo filosófico em unidades, baseadas em questões, torna o planejamento das aulas de Filosofia mais atraente e motivante. Considero mais viável e interessante falar de Ética, por exemplo, iniciando pela discussão do termo (questionando como os alunos o compreendem) para posteriormente apresentar a ética aristotélica, a epicurista, a estóica, o pensamento racionalista no que concerne à ética, a ética contratualista, a humeana, enfim; do que apresentar o pensamento pré-socrático, depois Sócrates, Platão, Aristóteles, etc., sem amarrar a discussão a tema algum. Claro que a abordagem histórica da Filosofia permite o trabalho com temas, mas penso que a problematização dos assuntos é facilitada pelo caminho temático propriamente dito. Desta maneira meu trabalho tem caminhado, assim tenho tentado despertar o espanto, que caracteriza a atitude filosófica, em meus alunos e outros seres pensantes.

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